sábado, 10 de setembro de 2011

Sete dicas pra que você vire um rockstar!

Crianças! Queridos! Amores!
Quanto tempo. Eu ia dizer "que saudade!", mas... Não vou completar a frase.
Enfim.
Muitos de vocês repararam que o blog fechou. Engraçado que a taxa de suicídios no Brasil subiu bastante nesse período, 17% pra ser mais exata (como pode ser comprovado aqui - sim, pesquisei sobre isso antes de fazer a piada).
O motivo? Sei lá. Escola, pro Gus e pro Gusta; desânimo por mim; e trabalho de carteira assinada pela Stefie, que parou com o vintão na esquina e entrou pro ramo de telesexo. Ou era telemarketing?
Não importa. Crescemos, nos envergonhamos de algumas coisas postadas aqui. Amadurecemos.
O número de acessos tinha dado uma assustada: foram mais de 20 mil ao longo de 2009. Essa porra cresceu um pouco além do que qualquer um esperava.
Mas nossos colhões deram as caras! Engolimos a responsabilidade e, pouco a pouco, o Morango vai voltar ao funcionamento. Sem traumas nem frescuras. Sem medo de represália. Vamos enfrentar críticas com coragem, sabedoria, parcimônia e uma AK-47.

________________________Destino usual de quem critica a gente


Mas vamos ao que interessa. Como alguns de vocês sabem, mexo um tico de nada com música. Já desisti há tempos, mas ainda conheço uma pá de gente talentosa que quer viver disso. Aliás, morrer disso, né, por que todo mundo sabe que basta ter um pouco de talento pra não conseguir fazer sucesso NEM A PAU.
Só que como sou uma pessoa boa, generosa e que precisa desesperadamente tentar comprar a passagem pro céu quando morrer, resolvi trazer aos jovens mortais que aprendem música via internet umas dicas.
Respirem fundo, concentrem o ki nas pontas dos dedos, peguem seus respectivos violões e embarquem nessa aventura!

Dica número 1: siga apenas um estilo pré-definido. Originalidade é pra otários.

Antes de tudo, de sequer aprender música, a pessoa que deseja ser famosa precisa escolher como vai se vestir no dia-a-dia.
O roqueiro do passado tava cagando pra isso, mas hoje em dia a moda é ser virgem e tomar banho. Portanto, situações como dormir no próprio vômito, fazer show sem camisa, ter cabelo infestado de piolho, entre outros, são coisas do passado.
 Concentre-se no cabelo alisado e nas roupas recém passadas pela mamãe. Calça justa, ou, como chamo carinhosamente, pau embalado a vácuo, é essencial. Até por que, apertar as bolas ajuda na técnica vocal que descreverei a seguir. Blusa gola V com decote até o umbigo é outro item indispensável. Tênis reef (ainda existe isso ou já é outro?) com cadarço fluorescente, idem.
Cordõezinhos, pulseirinhas, etc, entram na brincadeira.
Enfim, não pare enquanto não obtiver, no mínimo, 12 cores diferentes no seu visual.

UPDATE: Comentário honroso da Persy: a banda tem que parecer embalagem de lápis de cor.

________________________Cenário perfeito pro show.

Passemos ao som em si:

Dica número 2: progressões pré-fabricadas não foram feitas pra diversificar a música. 

Se vocês não desconfiavam, trago uma triste notícia: música é receita de bolo. Não adianta citar bandas fodonas e cantores super originais, tudo gira em torno de uma coisinha chamada harmonia. Essa tal de harmonia é um conjunto de preciosas regrinhas que definem como os sons se arranjam pra saírem bonitinhos. Basta uma olhadela nas tabelinhas de progressão pra transformar uma única nota numa música de qualquer estilo. Qualquer FUCKING estilo mesmo. Todo estilo tem suas regrinhas próprias e blá blá blá, vocês entenderam. Vejam bem, tô longe de criticar. Música é que nem química: existe um jeito de funcionar. Não adianta tacar açúcar em ácido sulfúrico pra ver se vira suco.
 O ponto é: todo mundo usa as mesmas progressões. Progressão é a ordem em que os acordes entram na canção. E sim, aquela sensação de "já ouvi esse ritmo antes", que tanto sentimos atualmente, é por que nego cismou com algumas ordens.
E faz sucesso. Sério, é fácil de produzir. Dá pra fazer uma música em dez minutos. Mude o tom, e tem-se um álbum em 12 horas.
Se quer começar com um single de sucesso, recomendo I IV V I.
Ah, faça harpejos ocasionais só pra fingir que você entende de teoria musical. Não se esqueça: a sétima chama o próximo acorde.
Oitavadas ocasionais e acordes de quinta na mão esquerda são válidos caso você esteja num piano.
Ah, não se esqueça de cantar em uma oitava acima do seu tom natural de voz. Voz de homem é tããão last summer...

Dica número 3: solos de 13 segundos

Ok, todo mundo sabe que seu conhecimento de música mais avançado é que três notas juntas fazem uma tríade. Mas isso não significa que você não possa disfarçar, né?
O solo costumava ser aquela parte em que atingíamos o orgasmo no show, mas, hoje em dia, não passa de pausa pro vocalista fazer coraçãozinho pra platéia. Como dez segundos é sacanagem e quinze é muito avançado, vai de meio termo.
E solo é uma parada simples. Suba e desça a escala do tom escolhido pra música.
"Escala? É de comer?", muitos se perguntam.
Não, filhote, de comer sou eu (heh). Escala é de ouvir.
Toca as notas subindo e descendo, tá, é suficiente.

Dica número 4: paradinhas emocionantes

Essa não tem como descrever, mas vou tentar.
Guitarra: tan tan tan tan tum tum tum tum tim tim tim tim tan tan tan TAAAAN
bateria: tum tum tum ta tum tum tum ta tum tum tum ta TUM TUM BLONG
*silêncio*
*pega ursinho de pelúcia jogado por fã*
*encaixa microfone no pedestal*
vocalista: wowo, wooooowooo, yeaaah
*instrumentos voltam baixinhos, com uma única nota por compasso*
vocalista: woowo, I love you, you're beautiful, I menstruate - yeah yeah YEAAAh
*tira microfone do pedestal*
*volta ao andamento normal*

Entenderam?

Agora, falemos sobre comportamento e atitude:

Dica número 5: trate todas as fãs como se elas fossem aquelas primas de 5 anos de idade

Abrace-as, diga na TV o quanto as ama, faça twitcam e muito, mas muito coraçãozinho com as mãos.

Dica número 6: letra pra que?

Vai negar? Como disse José Saramago uma vez, em alguma entrevista, estamos a um passo de virarmos monissilábicos. O que é bem verdade. Hoje em dia, a pressão por objetividade e descomplicação fez crianças que não sabem ler, que não entendem textos de mais de dois parágrafos. Conheço gente que é capaz de descrever seus cotidianos em três linhas. Então, nada de muito complicado, mas nada muito instrumental também. O lance, num álbum, é fazer de, sei lá, 11 músicas, 4 animadinhas exultando a vida; 2 meio termos conformistas; 2 sobre o primeiro absorvente; 2 extremamente tristes sobre o fim do relacionamento pra balançar celular na hora do show; e uma "protestante". Afinal, é preciso ter opinião formada sobre tudo, já que você será um ícone pra sua geração. Proteste sobre a tristeza que aflige ursinhos pandas, uma vez que cresça constantemente o número de pessoas que preferem os coalas.

E, por último:

Dica número 7: ame ao dinheiro acima de tudo.

CD's deluxe, DVD ao vivo, DVD acústico, photoshoot fazendo cara de diarreia...
Vale tudo.
Menos amar à música.

Pois é.
Tá foda.

Até qualquer outro dia, com um texto mais animador e menos ácido.

Um comentário:

Rafael disse...

G-E-N-I-A-L.
Cara, parece que os anos que eu perdi te criando deram resultado, afinal.
Fazia tempo que eu não ria tanto (três haha's e uma gargalhada, confesso) lendo um blog.

Keep going on.

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