Bom, mais uma vez o nosso querido país está em ritmo de festa.
Afinal de contas, a dança das cadeiras no governo tem mais uma rodada neste ano.
A lona já está esticada, a pipoca sendo vendida, os ingressos comprados e cá estamos nós, mais uma vez, preparados pra assistir a palhaçada que são as Eleições.
Eleições... Por que "Eleições"?
Me pergunto se o termo correto não seria "Leilões". Afinal de contas, o que acontece neste ano nada mais é do que a venda de alguns milhares de cargos país a fora. Os nossos queridos políticos, em todo o seu esplendor e cultura, todos os anos nos surpreendem com novas técnicas inimagináveis de se angariar votos e conseguir um lugar ao Sol, um espacinho para mamar também na "teta" do dinheiro público.
Um político pode curtir as suas férias de 3 anos seguidos, só com os pézinhos pro ar, tomando piña coladas, aproveitando as praias ensolaradas do Nordeste, se esbaldando em mulheres interesseiras que farão qualquer coisa por uma boa quantia em dinheiro e prestígio. E tudo isso, veja bem, as custas do nosso dinheirinho. Do salário de fome que nós suamos dia e noite pra ganhar, que depois de pagas as contas, mal sobra para que possamos tomar uma cerveja, no fim de cada dia.
Mas, depois dessas férias de sonhos, chegamos ao ano em que os políticos têm de trabalhar.
Ah, e eles trabalham. Vão de cidade em cidade, apertar mãos, beijar crianças, dar sorrisos e comer quentinhas, tudo em prol de construir uma imagem de homem do povo, de cidadão de bem.
É um exemplo de vida. Ver uma pessoa capaz de fazer tantas coisas, de ir tão baixo, de sujar tanto as mãos, em busca de um ideal: o salário ideal. A posição ideal. O status ideal. É louvável.
São esses políticos, esses batalhadores, esses carismáticos, que nós elegeremos para que nos governem, ou suguem, como preferirem, nos próximos quatro anos.
Mas a melhor parte desse circo, sem dúvida, são os palhaços. Ah... Que espetáculo. No picadeiro, 190 milhões de palhaços, todos rindo, abobalhados, das piadas mais idiotas já contatas.
Dando cambalhotas e se esmerando para conseguir juntar uma miséria qualquer, pra pagar uma conta, pra comprar um caderno pro filho ir pra escola.
Esses palhaços são o melhor do espetáculo. Eles estão ali, sendo humilhados, sendo trucidados pelo crime e pelas drogas, pelas filas de hospitais públicos, pela falta de segurança, pelo excesso de segurança, quando os policiais decidem que furar uma barreira é crime passível de morte.
Mas mesmo assim, esses palhaços não fazem nada contra a situação. Porque eles gostam. Eles acham muito bom tudo o que acontece. E o melhor de tudo: eles ficam orgulhosos quando um dos políticos lhes afaga o ego, quando sobe num palanque e, entre um sorriso falso e outro hipócrita, ele grita "são vocês que nos levam pra frente, povo brasileiro".
O povo gosta. Afinal, é isso que é ser brasileiro, não? Não desistir nunca. Ser brahmeiro. Sonhar em ser jogador de futebol ou modelo. Trabalhar em uma roça, ou em uma construção, mas se sentir orgulhoso por morar no país das praias e das mulheres bonitas. Não ter um tostão pra sequer tomar um copo d'água, mas se dizer um brahmeiro.
Deixar de pagar uma conta pra poder tomar uma cerveja, afinal de contas, quando se trata de pagar dívidas, sempre se pode dar um "jeitinho".
Mas o mais significativo em ser brasileiro é, sem dúvida, reclamar do sistema, dizer-se indignado com a corrupção, mas ter a certeza que, se tiver a oportunidade, roubará o seu quinhão também.
Afinal de contas, eu tenho é que livrar o meu, não é?
Isso é um desabafo, uma crítica, uma auto-crítica e uma piada.
Desabafo, pois eu já não aguento mais ver essa palhaçada se repetir sem que ninguém perceba ou faça algo diferente.
Crítica, pois eu já não aguento mais ver a hipocrisia gritante do povo brasileiro, um povo desonesto, que exalta a malandragem e as falcatruas. Com exceções, é claro...
Auto-crítica, pois eu já não aguento mais me ver parado, indignado com a situação, mas sem fazer nada pra mudá-la. Só reclamar não vai adiantar, queridinho.
E piada, porque, afinal de contas, de que me adianta falar isso? Eu sou só mais um palhacildo no picadeiro, fazendo caretas e carregando o país nas costas.
Eu sou a piada da vez. Assim como vocês.
6 comentários:
Dos políticos eu concordo. Uma minoria se salva nesse antro de corrupção, roubos e mentiras.
Porém, é ridículo generalizar o povo. Eu não sei quanto ao ambiente onde você vive, mas aqui não vejo ninguém exaltar malandragem e falcatruas.
Impassibilidade pode ser um grande problema do povo brasileiro. Mas desonestidade não. Não vejo ninguém por aí comemorar corrupção. O que mais se faz é humor, críticas a respeito da situação política atual do país.
Se você não tá contente, acredite, eu também não estou. Não aguento ver essa situação, é deprimente mesmo. Os candidatos dessa vez estão ainda mais bizarros.
Mas, tenho que discordar de uma coisa.
Eu acredito muito no povo. Se fossemos mais instruídos, se não fossemos tão enganados, seríamos um país melhor. Passaríamos a votar conscientemente, sempre se preocupando de verdade com o futuro do país. Infelizmente, isso não é possível devido à tanta pobreza e falta de educação (literalmente), sendo a maior parte do povo impossibilitado de votar do jeito certo, analisando as qualidades e os defeitos de cada candidato.
Eu acredito num país melhor. E só acredito nisso porque sei que tem pessoas, perto ou longe de mim, que podem fazer um país melhor. Nos políticos, em geral, eu não acredito. Mas a população é capaz de muito.
Agora, se você se acha uma piada, foda-se. O Uruguai é logo ali.
Se você já chutou o balde e já jogou tudo pro alto, então vote nulo nas próximas eleições.
Assim completa a piada, né?
Nossa gusta, não precisava pegar pesado assim, né?
Haha.
Como eu disse, foi um desabafo. Um desabafo, exacerbado como deve ser, corre o risco de estar cheio de exageros.
Foi o que aconteceu. Me passei um pouco, ao dizer que o povo é todo de pilantras.
Foi até um pouco de destempero de minha parte dizer isso, visto que eu defendo e acredito no povo brasileiro. Tu tem razão, o povo brasileiro é honesto, porém muitíssimo mal instruído. E é essa péssima educação que abre espaço para esses nossos políticos, que são a verdadeira piada.
Agora, não adianta se exaltar e mandar eu me mudar. Eu gosto do meu país, eu quero mudá-lo, tanto quanto você. Eu me acho uma piada assim como te acho uma piada, assim como acho cada cidadão brasileiro uma piada, visto que nós vamos, mais uma vez, eleger uma corja de pilantras para nos governar nos próximos 4 anos.
Você discorda? Então me diga aí qual é o candidato promissor em quem você vai votar?
Diz o nome aí, que ele terá o meu voto também.
Eu vou, muito provavelmente, votar nulo na eleição, pois não quero dar o meu voto para nenhum desses palhaços que está concorrendo. Você acha isso idiotice? Então eu seria esperto se votasse na Dilma, só pra dizer que votei no ganhador?
Não adianta ficar bravinho, mimimi, coisa do gênero. Se tu tem uma pequena noção de qual é a situação brasileira, parabéns, tu está ligeiramente acima da média. E essa tua percepção deve te fazer perceber que o nosso país é hoje uma máquina de fazer dinheiro, puxado por 200 milhões de burros de carga que não se importam ou se interessam com o que está acontecendo. O nosso povo é burro, guiado por uma cambada de pilantras que, apesar disso, são aplaudidos.
Sabe aquela expressão "é rir pra não chorar."
Então, é o que eu tô fazendo.
Mas enfim... Sem estresse. =D
Queria ter te respondido antes. Mas estava arrumando o PC aqui e só ficou disponível agora...
Percebi que seu texto era um desabafo, mas ele me pareceu depressivo e pessimista demais. E então me coloquei no direito de responder à altura, para "acalmar os ânimos", pois mais um pouco e isso estaria parecendo uma carta de suicídio, hehe. Mas nem por isso eu deixo de concordar com algumas coisas que você escreveu.
Esse exagero quanto ao povo brasileiro é compreensível, porque mesmo que exista muita gente disposta e com capacidade de mudar o país, como eu, como você, como seus amigos ou a Aline, a grande maioria (que é o que vale pro voto) não possui tal discernimento, e é essa grande parte que elege de anos em anos os políticos de sempre.
Tal generalização acaba por nos tornar uma piada realmente. Mas veja bem: individualmente não somos piada, pois eu tenho ainda um pouco de consciência da situação, assim como tu tem, assim como muita gente tem. Porém, ao nos analisarmos como povo, como população, somos realmente uma chacota. Uma piada que diverte os políticos. Não há como uma pessoa ou outra tentar mudar o país, quando o coletivo, os outros milhões de brasileiros, nada fazem para a pátria.
Quero deixar claro que não tenho em mente nenhum candidato acima da média. E também não posso te indicar nenhum, pois o que eu considero como candidato bom, talvez você não considere. Depende do ponto de vista de cada um. O jeito é eu tentar votar naquele cara ou moça que eu considero mais sensato, ou naquele que tenha as propostas mais convincentes. Mas, é claro, isso não é garantia de nada, afinal estamos falando de políticos.
Se quiser votar nulo, tudo bem, é seu direito. Mas que não vote nulo pra dizer que é um voto "contra o sistema", mas sim porque tu realmente acha que não há nenhum candidato digno de ser eleito. Porque se for pra fazer voto de revolta, então vamos votar logo no Tiririca ou na Mulher Pêra, certo?
E não vem com essa de ficar bravinho; você fez um texto, ao meu ver, emotivo; e eu simplesmente devolvi na mesma moeda.
Entendo que esse desabafo foi fundalmental para ti; provavelmente foi muito mais importante você ter escrevido esse artigo, do que qualquer um ter lido ele. Pois como você falou, é em primeiro lugar um desabafo, e por isso, agora, você está oficialmente desabafado.
Cara, política é um negócio chato e trabalhoso de se discutir. Porém, se formos dar lugar aos mesmo desabafos, metáforas, e generalizações de sempre, vamos ficar reclamando sem sair do lugar! Se você acredita então que realmente existe gente honesta no país, se você quer ajudar a melhorá-lo, então vamos propor discussões inteligentes para chegarmos num consenso sobre como está a situação política atual; e o que pode ser feito, mesmo que hipoteticamente, para melhorar essa situação.
Mesmo que a situação atual esteja deprimente e termos a tendência de jogar tudo pro alto e desistir, acredito que a razão deve prevalecer sobre a emoção. Devemos filosofar sobre o assunto: mesmo que não cheguemos a lugar nenhum, pelo menos tentarmos entender o sistema. Só assim caminharemos rumo à alguma resposta.
Até dia 3 de Outubro terei meu comentário respondido?
É, Rafael... muito engraçada a sua piada, mas acho que já está demorando um pouco pra terminar.
Não entendi, era pra eu responder alguma coisa depois do teu comentário?
Como tu disse, discutir política é muito trabalhoso e... bem, eu tenho andado cansado, não me entenda mal. =D
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